A pouco mais de um ano do início de mais um mega evento no Brasil, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) se mobiliza para dar mais um show de estrutura e planejamento. Em prol do sucesso, teoria e prática se unem e todo conhecimento produzido em anos de experiência (desde a Rio+20, passando pela Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, com a visita do Papa Francisco e a Copa do Mundo FIFA 2014) permite um preparo mais que especial para a grande ocasião.
Mas quem pensa que tudo se resume a repetir o que já foi feito se engana! Apesar do know-how adquirido, cada evento é único e a preparação para cada um é igualmente única e especial. E este ano de 2015 já vem repleto de ineditismo e muito trabalho. Pela primeira vez Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo se unem no ambiente simulado, trazendo os treinamentos dos Controladores para um novo patamar extremamente mais próximo da realidade.
Desde o dia 06 de abril o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) vem recebendo controladores de tráfego aéreo para o treinamento do Programa de Simulação de Movimentos Aéreos (PROSIMA) das Olimpíadas 2016, que, nesta edição, inova com a integração da Defesa Aérea com o Controle de Tráfego Aéreo nos Laboratórios de Simulação (LABSIM – de Controle da Circulação Aérea Geral – e EOM – de Operações Militares). De acordo com o Coordenador de Operações Militares do PROSIMA, Capitão Alexandre Oscar, a preparação para este treinamento teve início em agosto de 2014, sendo uma “tentativa de muito tempo que neste ano se realiza com grande sucesso mesmo com os laboratórios estando em espaços físicos distantes” (ambos estão sediados nas dependências do ICEA, mas em prédios diferentes).
“Desde os anos 70 o Brasil adotou o sistema integrado e desde então não conseguimos treinar de forma integrada. Esta é a primeira vez que estamos conseguindo integrar um órgão de Controle de Área e um órgão de Controle de Aproximação com a Defesa Aérea. Os três estão ao mesmo tempo vendo a mesma imagem, como acontece na vida real. Estamos treinando o mais próximo que é na realidade”, explica o Capitão Oscar.
O mesmo entusiasmo é sentido pelo Coordenador da Circulação Aérea Geral, Capitão José Airton Patrício, que ainda ressalta o fato deste ser o último grande evento a ser realizado no Brasil, pelo menos por um bom tempo.
“O maior diferencial é tornar esta simulação no maior treinamento já feito pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Por isso a dimensão que foi tomada em relação ao número de controladores que foram envolvidos. Serão aproximadamente 1.200 ao longo de 2015 e mais 1.900 em 2016. É um treinamento grande justamente para representar o nosso último grande evento”, comenta o Capitão Patrício. O Coordenador destacou, ainda, a fundamental importância do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) neste contexto.
“A figura do CGNA é importantíssima em relação ao fluxo nos terminais, principalmente no Rio de Janeiro, que vai concentrar a maior parte das atividades esportivas. Ao contrário dos outros grandes eventos nesta cidade, temos um contexto de áreas de exclusão bem mais abrangentes, o que requer uma proximidade bem maior entre os envolvidos”, comenta.
Para os próximos PROSIMAs há a meta de integrar ao LABSIM e ao EOM o Simulador de Torre de Controle (TWR) 3D do ICEA. Para o Segundo Sargento Vitor Fernandes Corrêa, que opera no Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRVPV-SP) e que passou pelo PROSIMA das Olimpíadas, esta integração é muito importante para o trabalho dos Controladores.
“Com as Olimpíadas a expectativa é de um aumento do número de tráfegos no aeroporto de Congonhas (SP). Desta forma, estamos treinando mais intensamente para que possamos atuar com um número maior de aeronaves em questão de ocupação de pista, de pátio e de tráfego aéreo em rota”, explica o Sargento Fernandes.
“Além disso”, prossegue ele, “temos um trabalho integrado com a Defesa Aérea, devido aos jogos que terão aqui em São Paulo no estádio do Itaquerão, demandando uma restrição de espaço aéreo e mudando a dinâmica do nosso serviço em Congonhas”.
Os treinamentos de todos os controlares (da Circulação Aérea Geral, de Operações Militares e das Torres de Controle) prevêem o revezamento dos militares para que nenhum fique sem a devida capacitação.
Segundo o Coronel da reserva Guilherme Francisco de Freitas Lopes, Assessor do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) e responsável pelo planejamento do Espaço Aéreo durante grandes eventos, o fundamental além de levantar as áreas de restrição de voo é analisar os impactos causados por estas alterações.
“Hoje nós temos um cenário do espaço aéreo. Com as Olimpíadas e as Paralimpíadas, a Defesa Aérea Brasileira irá montar várias áreas de exclusão dentro da Terminal do Rio de Janeiro que, ao impedir o sobrevoo de determinadas aeronaves, alterará este cenário”.
Como vimos, este evento se difere em sua estrutura dos demais ocorridos nos últimos anos. “Todo ele se concentra na cidade do Rio de Janeiro, com exceção das partidas de futebol que também acontecem nas cidades de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. Por esta razão, a Defesa Aérea criou no Rio cinco áreas de exclusão dentro desta Terminal”, explica o Coronel Freitas Lopes.
E é justamente em função deste novo desenho do espaço aéreo que está sendo feito um estudo dos impactos, bem como toda a preparação dos Controladores de Tráfego Aéreo através do PROSIMA.
Tudo é uma questão de ajuste entre demanda e capacidade. E aqui o preparo de pessoal e de equipamentos é crucial.
“Vale lembrar que tem dias em que os jogos terminarão de madrugada, enquanto estão voando aeronaves das linhas aéreas regulares, da aviação geral e da Defesa Aérea”.
Para se ter uma ideia ainda melhor da relevância destes eventos, são esperados 80 Chefes de Estado no Rio de Janeiro. “Vai ser uma Rio+20 por causa das autoridades estrangeiras, uma JMJ por conta das várias áreas de exclusão, com uma demanda ainda maior do que a da Copa do Mundo FIFA 2014. Em outras palavras, as Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016 serão uma união de todos estes eventos”, enfatiza Freitas Lopes.
Após o planejamento dos cenários do espaço aéreo a tarefa será preparar até o fim do primeiro semestre de 2016 o Plano de Contingências, que abarcará todos os possíveis imprevistos.
Assessoria de Comunicação Social
Telma Penteado - Jornalista