Controladores de tráfego aéreo têm treinamento especial para grandes eventos
As muitas particularidades do complexo espaço aéreo dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 são velhas conhecidas dos controladores de tráfego aéreo. Todas as alterações previstas foram exaustivamente estudadas e treinadas por um efetivo de 1,9 mil controladores da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o Programa de Simulação de Movimentos Aéreos (PROSIMA).
Treinamento simula situações reais do cotidiano do controlador de tráfego aéreo, com complexidade crescente.
A edição 2016 do programa, que é coordenado pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), sediado no Rio de Janeiro, e é ministrado no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos, teve como foco capacitar os controladores para um grande evento que acontece, quase em sua totalidade, na mesma cidade. O aumento da carga de tráfego aéreo, a presença de chefes de Estado no início e término da competição e a ativação de cinco áreas de exclusão aérea são alguns dos aspectos que tornam essa missão desafiadora. “A última edição do PROSIMA foi planejada para capacitar o efetivo de controladores para ações de rotina que ganham características especiais em grades eventos, com a complexidade do espaço aéreo provocada pelas ações de defesa aérea e pelo aumento do volume de tráfego”, explicou o Capitão José Airton Patrício, do CGNA, especialista em controle de tráfego aéreo.
As simulações atenderam uma série de cenários possíveis. Os exercícios de excesso de demanda, por exemplo, reproduziram uma área terminal com carga de tráfego variando de 80% a 130% acima da média. Na parte de degradações, contingências e emergências, o foco foram anormalidades como inoperância de radares e sistemas, restrições na infraestrutura aeroportuária e suspensão das atividades no aeroporto de destino. As interações com a defesa aérea também ocuparam uma parte importante da carga horária do PROSIMA, com situações como interceptações simultâneas, atividade praticada por aeronave hostil e aplicação das regras de engajamento definida para as áreas de exclusão para os Jogos Rio 2016.
No Laboratório de Simulação (LABSIM) do ICEA os controladores treinam, gradativamente, em cenários que aumentam de complexidade. Como ocorre na operação real, existe um interlocutor, que são os pilotos das aeronaves. No ICEA essa tarefa é realizada por controladores, especialistas em comunicações, em informações aeronáuticas e por meteorologistas treinados para a função. Em ambientes físicos separados, a interação acontece bem próxima da realidade do voo. Para chegar até a simulação em tempo real e treinar os procedimentos, porém, os alunos passaram, em suas unidades de origem, por um treinamento teórico com estudo de normas, do Guia Prático de Consulta sobre as alterações do Espaço Aéreo para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e de circulares de informações aeronáuticas.
Ao chegar no LABSIM, os primeiros exercícios são de familiarização. “Começamos o treinamento com 50% da capacidade de tráfego aéreo para o controlador assimilar as características do cenário e praticar o que assimilou na teoria”, explicou a Segundo Sargento Ana Cláudia Souza de Bragança dos Santos, controladora de tráfego aéreo, que atua no Controle de Aproximação do Galeão (APP-GL) como supervisora e é instrutora do PROSIMA. A medida que o PROSIMA avança, os exercícios aumentam em complexidade e os procedimentos requeridos, também. “Nosso objetivo durante as simulações não é cansar o controlador, mas leva-lo a internalizar os procedimentos”, explicou a Sargento Ana Cláudia. Com 13 anos de profissão, ela acumula experiência em grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014. “Para a missão dos Jogos Rio 2016 temos como novidade a célula do Centro de Operações Militares instalada no APP-GL. Essa interação foi treinada no LABSIM e toda a capacitação se aproxima muito do real”, observou.
Participaram do treinamento controladores de tráfego aéreo que trabalham em localidades que sediam competições durante os Jogos. Militares que atuam em Torres de Controle (TWR), nos Centros de Controle de Área (ACC), nos Controles de Aproximação (APP) e nos Centro de Operações Militares (COpM) localizados no Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Brasília, Curitiba, Recife, Belo Horizonte e em Manaus foram capacitados. Os controladores da cidade do Rio de Janeiro tiveram uma carga horária maior do que os de outras regiões do Brasil.
Na avaliação do Diretor do ICEA, Coronel Aviador Manoel Araújo da Costa Junior, o LABSIM proporciona cenários virtuais e ambientes praticamente idênticos aos reais. “Além disso, o treinamento no laboratório possibilita uma interação bastante fidedigna entre todos os órgãos de controle de tráfego aéreo, gerenciamento de tráfego aéreo e defesa aérea que participam do PROSIMA”, observou o Coronel Manoel. Para o próximo ano, a expectativa é implantar no LABSIM um novo sistema de simulação radar, o PLATAO, que aproximará ainda mais a experiência simulada do real.
Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Reportagem: Tenente Glória Galembeck – jornalista
Foto: Fábio Maciel